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Fique de olho na sua cadeia de fornecedores!

Queremos produtos de qualidade e também consumir sem destruir o mundo à nossa volta. Assim, perguntas sobre o que está por trás do que consumimos são cada vez mais frequentes no nosso cotidiano. Atualmente, tornou-se imperativo para as empresas dedicar recursos para identificar ações irresponsáveis – éticas, sociais e ambientais – nas cadeias de fornecedores e atuar contra elas, protegendo assim sua reputação e seus negócios. E os investidores estão também cada vez mais interessados em empresas que sabem lidar com esses riscos.

Nesta entrevista exclusiva para a Arbex &Company, a CEO da empresa holandesa SIM (Supply chain Information Management) Leontien Plugge conta quais são as melhores práticas e tendências nessa área e fala ainda sobre o impacto dos incêndios na Amazônia na categorização de riscos das cadeias de fornecedores brasileiros. A SIM atua em várias indústrias e dezenas de países.

A&Co: Por que a avaliação e o gerenciamento de riscos de sustentabilidade da cadeia de suprimentos se tornaram tão importantes nos últimos cinco anos?

LP: As principais razões são: a. a legislação – regional e global – está ficando mais rígida; b. os compradores têm medo de destruir sua reputação se compram (e vendem depois) produtos que estão vinculados a práticas irresponsáveis; c. os consumidores querem saber mais e usar seu poder de compra para mover o mundo na direção que eles acreditam ser a correta.

Outro fator cada vez mais influente são as iniciativas voluntárias (geralmente governamentais) com o objetivo de fazer com que o comércio em si tenha um impacto social e ambiental mais positivo nos países fornecedores.

A&Co: Há quantos anos o SIM trabalha na avaliação de riscos de sustentabilidade da cadeia de suprimentos (ética, direitos humanos, impacto ambiental), e em quais indústrias?

LP: A SIM trabalha nesse campo há mais de 10 anos. Atuamos na indústria de alimentos frescos e processados, moda, cosméticos e não alimentícios, mas sempre no segmento de bens de consumo, que estão em rápida evolução.

Nossos clientes estão localizados principalmente na Europa. Por causa deles, estamos em contato com centenas de milhares de fornecedores de todo o mundo. Nossa equipe fala mais de 17 idiomas para atender às necessidades de todos os diferentes fornecedores com os quais trabalhamos, como produtores, fábricas, comerciantes, produtores. O interesse nesse tipo de avaliação está crescendo exponencialmente.

A&Co: Quais são as expectativas dos compradores – de alimentos frescos, processados, matérias-primas,etc. – em termos de transparência? O que os fornecedores devem se preparar para reportar daqui a cinco anos?

LP: Transparência é algo que, uma vez iniciado, você não pode voltar atrás. Isso pode atrasar a decisão das empresas compradoras em divulgar seus dados, mas é somente uma questão de tempo, de quando vão ter que fazê-lo.

Todo consumidor com telefone digital e acesso à Internet pode saber onde os produtos são produzidos e quais são os riscos relacionados com sua produção. Tudo indica que vai se tornar “norma” compradores adquirirem apenas produtos que informem quem os produziu, onde e sob quais circunstâncias. Isso, com as evidências objetivas necessárias (como certificados e documentação) apresentadas em plataformas digitais, se tornará obrigatório com o decorrer do tempo. E já é realidade em várias cadeias, inclusive estamos iniciando projetos desse tipo no Brasil.

O próximo passo será oferecer todas essas informações ao consumidor através da codificação QR em larga escala. As práticas de fornecimento responsável se tornarão mais importantes, especialmente considerando impactos das mudanças climáticas, alterações na legislação, etc.

A&Co: Quais cadeias de produção brasileiras têm sido o foco de seus clientes nos últimos anos? Por quê?

LP: Frutas e vegetais frescos, suco de laranja, carne, soja, café, açúcar e muitos outros produtos e ingredientes crus.

A&Co: Qual foi o impacto das últimas notícias sobre a destruição da Floresta Amazônica no mapa de riscos da indústria de alimentos?

LP: As notícias chegaram aqui na Europa com descrença inicialmente, mas agora, confirmados os dados, foi criado um movimento para “fazer algo a respeito”.

Os sinais de falta de proteção da Floresta Amazônica mudaram nossa matriz de avaliação de riscos. Essa avaliação usa uma categorização que considera produtos e regiões. As últimas notícias levaram alguns produtos do Brasil para o topo da matriz. Os varejistas desejam relatar se seus produtos ou ingredientes vêm de regiões afetadas no Brasil e, em caso positivo, muitos buscam alternativas. Isso significa que, para alguns produtos, teremos que coletar mais informações sobre de onde eles vêm e o processo de auditoria para garantir a rastreabilidade.

Por exemplo, com dúvidas, um varejista na Suécia boicotou todos os produtos do Brasil. O risco de ser envolvido em casos como esses pode ser muito grande para alguns. (https://www.plataformamedia.com/en-uk/news/society/interior/because-of-bolsonaro-swedish-supermarket-chain-boycotts-brazilian-products-10982768.html)

A&Co: Como as empresas brasileiras de alimentos podem enfrentar melhor esses impactos?

LP: Coletando informações sobre suas cadeias de fornecedores, oferecendo apoio para promover melhorias, definindo metas para melhorar os aspectos problemáticos e sendo transparente sobre tudo isso. A questão não é “ter problemas”, é “não conhecer os problemas” e, por isso, não saber como gerenciar os riscos. Isso vai ser cada vez mais crítico para a saúde do negócio daqui para a frente, tanto para quem compra como para quem produz.

Se você é um revendedor (supermercado) ou uma empresa de alimentos, é importante saber onde seus produtos são feitos e sob quais circunstâncias éticas, sociais e ambientais, e poder informar seus clientes ou consumidores.

Se você é agricultor ou produtor, compradores vão querer saber de onde vêm suas sementes ou mudas, a alimentação dos animais, se usa pesticidas ou fertilizantes, quais questões sociais ou ambientais são críticas na sua produção. Muitas vezes isso significa mostrar se você é certificado por terceiros. Todos têm que se preparar e, se preciso, buscar ajuda. Somente assim vamos ter negócios resilientes.

A Arbex & Company tem parceira com a SIM para disseminar formas de identificar e gerenciar riscos na cadeia dos fornecedores. Para saber mais, ou se inscrever em no nosso curso aberto sobre esse tema, entre em contato conosco pelo e-mail info@arbexandcompany.com

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