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Lentes para relatórios míopes

Além de ter feito parte do início da jornada da Natura na elaboração de seus premiados relatórios de sustentabilidade, a fundadora da Arbex & Company, Nelmara Arbex, acabou dedicando mais de uma década ao tema de desenho de indicadores, elaboração de relatórios de vários tipos, transparência na gestão de empresas, governos e organizações sem fins lucrativos, em mais de 30 países.

Para ela, uma conclusão fundamental dessa experiência é: tanto faz se uma gestão responsável gera uma prestação de contas robusta, ou se um relatório de boa qualidade gera mudanças na gestão para que esta se torne mais responsável. O importante é que o resultado seja uma gestão que sabe exatamente onde focar seus esforços, o que melhorar para um impacto cada vez mais positivo. Bons gestores sabem onde estão suas principais contribuições para a geração e a destruição de valor e como direcionar esforços para torná-las cada vez mais positivas, de forma que sua organização seja reconhecida como uma parceira na busca de soluções tão urgentes e tão necessárias para questões como emissão de gases de efeito estufa, discriminação, gestão de resíduos, melhoria na qualidade de vida de seus colaboradores e comunidades, etc.

O que realmente não ajuda são análises que resultam em relatórios de sustentabilidade (ou de impacto social ou integrado) sem foco, tratando de temas genéricos como se fossem “materiais”, como vemos sendo publicados. A culpa da falta de foco não parece ser o baixo investimento na produção dos relatórios ou em sistemas de organização das informações necessárias para apoiá-los. O principal problema, ao nosso ver, parece ser uma falta de investimento em uma análise honesta e afiada para definição dos temas materiais: aqueles sobre os quais a empresa deve se debruçar e colocar energia e recursos extras no próximo período para avançar na busca de soluções, temas que podem impactar de forma mais significativa no sucesso e na reputação da organização.

Um sintoma dessa falta de uma análise mais precisa e robusta são listas de tópicos materiais genéricos, que podem ter qualquer significado e muitas vezes refletem o que a empresa precisa fazer de qualquer forma. Exemplos típicos de tais tópicos materiais genéricos são: “gestão de pessoas”, “gestão ambiental”, entre outros. Segundo ela, se o resultado de sua análise de materialidade tem essa cara, desconfie.

Sem análise material com foco e precisão, não há relatório de qualidade e não há como transformá-lo em material de comunicação atraente e verdadeiro. Tudo parece “greenwash”, “bluewash”, “pinkwash”, como se diz. Muito menos há como, de fato, melhorar a gestão ou expressar o que de há de melhor na organização: sua habilidade de manter o ritmo apesar dos desafios e se preparar para o futuro.

Assim, se você está planejando seu próximo relatório, pense nisso. E se precisar de ajuda, fale conosco. Vamos adorar ajudar!

texto: time A&Co no Brasil